Quando pensamos em "seres vivos", geralmente imaginamos seres complexos, como plantas, animais e bactérias. Mas você sabia que existe um organismo tão simples que quase desafia os limites do que consideramos "vivo"?
Se você pensou em vírus, aqui não estamos os considerando, uma vez que por serem acelulares, não possuem metabolismo próprio. Dito isso, então qual seria o ser vivo mais simples?
Conheça o Mycoplasma genitalium, considerado o ser vivo mais simples conhecido.
Mycoplasma genitalium. Crédito da imagem: Cognition Studio, Inc.; Gwendolyn E. Wood, PhD; Lisa E. Manhart, PhD, MPH; and David H. Spach, MD |
O que é o Mycoplasma genitalium?
O Mycoplasma genitalium é uma bactéria parasita que vive em tratos genitais de humanos. Descoberta em 1980, ela se destaca por ter um dos menores genomas conhecidos entre organismos capazes de se reproduzir independentemente. Seu genoma contém apenas cerca de 580 mil pares de bases e 525 genes codificadores de proteínas.
Para se ter uma base comparativa, os seres humanos, ainda que existam organismos com um genoma muito maior, possuem cerca de 3,2 bilhões de pares de bases e aproximadamente 20 mil genes codificadores de proteínas!
Mycoplasma genitalium |
Por que o Mycoplasma genitalium é tão simples?
Essa simplicidade extrema é possível porque o Mycoplasma genitalium é um parasita intracelular. Ele depende do hospedeiro para muitas funções essenciais, como obter nutrientes e energia. Isso permite que ele "economize" genes que outros organismos precisariam para sobrevivência autônoma.
Menor ainda: o organismo sintético
Em 2016, cientistas do Instituto J. Craig Venter criaram um organismo artificial chamado Mycoplasma mycoides JCVI-syn3.0, com apenas 473 genes essenciais. Ele foi desenvolvido com base no Mycoplasma genitalium e em outros Mycoplasmas, com o objetivo de entender o que constitui o "mínimo essencial" para a vida.
Micrografia de Mycoplasma mycoides JCVI-syn3.0. Crédito da foto: C A Hutchison III et al, 2016, Science. (DOI: 10.1126/science.aad6253) |
O que esses organismos nos ensinam?
Estudar esses organismos extremamente simples ajuda a responder perguntas fundamentais sobre a vida, como:
Quais são os genes essenciais para a vida?
Qual é o limite da complexidade biológica necessária para um organismo se reproduzir?
Como a vida pode ter surgido em seu estado mais primitivo?
Essas bactérias também oferecem insights para a biologia sintética e para a busca por vida em outros planetas. Se formas de vida extremamente simples são viáveis aqui na Terra, talvez o mesmo possa ocorrer em ambientes extraterrestres.
Conclusão
O Mycoplasma genitalium e seus "primos" sintéticos representam a fronteira entre o simples e o essencial na biologia. Eles nos mostram que, mesmo no limite da simplicidade, a vida continua a ser fascinante e cheia de mistérios a serem desvendados.
Por: Jonathan Pena Castro
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