Existem animais homossexuais?

Se levarmos em consideração o termo homossexual como relações com o mesmo sexo, a resposta é, sim. Muitos usam a existência de comportamentos homossexuais em animais para justificar sua existência em humanos. No entanto, tal justificativa não é necessária, claramente, um comportamento não precisa existir em animais para que seja bom ou ruim em humanos! 

Mas, por que os animais têm esse comportamento?

Quando pensamos na orientação sexual humana como nós conhecemos, levamos em consideração uma relação muito complexa adquirida ao longo da vida de um individuo, e precisamos ser cuidados ao antropomorfizar e a acabar confundindo algo tão complexo como a "orientação sexual humana" com comportamentos observados em outros animais.

Os animais têm uma diversidade de comportamentos sexuais, e as interações com animais do mesmo sexo realmente não são incomuns e acontecem de maneira natural. Os termos "homossexualidade" e "heterossexualidade" são termos definidos por fronteiras sociais o que pode ser diferente no reino animal, onde temos muitas espécies por exemplo, hermafroditas, (com órgãos sexuais femininos e masculinos), outros não tem uma vida sexual "ativa" e sim apenas uma "cerimônia sexual", como muitas espécies marinhas que apenas liberam seus óvulos ou sêmen na água e ainda animais que se reproduzem assexuadamente. 

Então, vamos entender aqui que comportamento sexual vai além do contato genital; podemos incluir o namoro, afeto, união de pares e até paternidade. Esses comportamentos já foram relatados entre animais do mesmo sexo em mais de 1.500 espécies (dentre ~ 8 milhões de espécies existentes).

O bonobo, um macaco africano é conhecido por ser a espécie de primata que "não faz guerra, faz amor", ou seja, usam o sexo para resolver conflitos. Nos bonobos, o contato sexual é usado para cumprimentar amigos, diminuir conflitos, como moeda de troca e consolidar relacionamentos, e eles não discriminam com base no sexo, com pares feminino-feminino e masculino-masculino comuns. No entanto, os indivíduos não parecem estar em conformidade com uma orientação específica. Eles também são promíscuos em vez de monogâmicos, tendo muitos pares de curto prazo.

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Nas aves temos alguns dos exemplos mais famosos como o caso do par de pinguins machos do Zoológico do Central Park, Roy e Silo, que juntos tentaram incubar um ovo e depois criaram com sucesso um filhote adotado. A paternidade do mesmo sexo também foi observada em cisnes negros, nos quais cerca de um quarto de todos os pares são machos.

Pinguins - Roy e Silo

Outros animais parecem passar por uma fase, onde tem contato com outros do mesmo sexo antes de se tornarem totalmente maduros. Por exemplo, filhotes de golfinhos machos geralmente formam parcerias sexuais temporárias, que os cientistas acreditam que ajudam a estabelecer laços para toda a vida. Essa afeição pelo mesmo sexo foi observada também em baleias jubarte: carícias, contato do nariz com os genitais e esfregar o corpo inteiro foram classificados como afeto. Talvez a lição a tirar disso seja, que é muito difícil saber exatamente por que um animal está realizando um determinado comportamento e que, como sempre, devemos ser cautelosos ao atribuir motivações e desejos humanos a outras espécies. Só porque algo seria considerado sexual em um contexto humano, pode não ser necessariamente em outros animais.

Os motivos pelos quais o relacionamento entre animais no mesmo sexo acontecem podem ser para ter benefícios sociais, por competição sexual e até mesmo para aliviar o estresse. A verdade é que existe falta de estudo nesta área, tais observações sempre foram aleatórias e oportunistas. Isso significa que eles constituem apenas um pouco do que poderia ser um vasto repertório de comportamentos sexuais durante a vida de um animal.

Por:

Adriana Cordeiro

FONTES: [1].[2].[3].[4]