Ninguém sabe ao certo quando começou a ideia de que nadar após uma refeição pesada pode fazer mal ou ser até mesmo fatal. Podemos pressupor duas ideias populares para explicar essa crença:
A primeira - a biológica: Vem da ideia que ao comer, a maior parte do sangue disponível do nosso corpo seguiria até ao estômago para ajudar na digestão. E - os membros - privados de um fluxo de sangue adequado não teriam sangue suficiente para executar nem mesmo um simples movimento. Isto deixaria o jovem nadador com cãibras até afundar-se como uma pedra.
Segundo - o social: Uma possível origem deste mito é que as preocupações com a segurança na água eram muito mais laxistas nos anos 50 e 60, quando havia poucos salva-vidas para vigiar a água contra potenciais acidentes. Isto deixava os pais em constante vigilância. O intervalo de uma hora após a refeição proporcionava aos pais vigilantes uma pausa do serviço - aproveitando 60 minutos de paz quando mais precisavam - após uma refeição.
Embora a ideia do "fazer uma pausa após as refeições" faça sentido, será que a explicação do fluxo sanguíneo é plausível?
As estatísticas de afogamento fatal são bastante elevadas e muitas das vítimas são crianças. No entanto, quantas dessas crianças (ou adultos já agora) se afogaram por terem acabado de comer um cheeseburger? Provavelmente nenhuma. Quando analisamos as causas, nenhuma está relacionada à alimentação.
É verdade que o sangue flui para o nosso estômago depois de comermos uma grande refeição. E que, enquanto lá está, está ocupado absorvendo os nutrientes. Isto significa, logicamente, que há menos sangue disponível para fornecer oxigênio e remover os resíduos de outras partes do corpo. Mas isso NÃO significa que as duas atividades simultâneas causem uma falta de sangue tão grande que ocorram cãibras.
De fato, temos sangue suficiente para manter todas as partes do corpo funcionando bem - mesmo depois de uma grande refeição. Inclusive, alguns nadadores competitivos comem algo imediatamente antes de uma grande natação para lhes dar a energia de que necessitam para terem um bom desempenho. Durante o exercício, nossos corpos produzem adrenalina que, na verdade, ajuda a fornecer oxigênio aos músculos que mais precisam dele.
Por isso, mesmo se uma cãibra apodere-se de um nadador numa determinada parte do seu corpo, é altamente improvável que seja grave o suficiente para causar um acidente de afogamento.
Tirando o aspecto barriga cheia, há de se alertar quanto aos perigos do choque térmico, mas isso ocorre independente da ingestão de alimentos. O choque térmico ocorre se o corpo estiver muito quente e imediatamente entra em contato com água gelada. Em certos casos isso pode ser fatal.
Quanto à ingestão de alimentos e entrar na água, apesar de não haver riscos é claro que se deve sempre usar o bom senso.
Há tipos (e quantidades) de alimentos que seriam melhores do que outros para comer antes de nadar, devido à velocidade digestiva. Os carboidratos simples como os de batatas fritas são mais rapidamente utilizados do que a gordura e as proteínas de um hambúrguer. Por isso, entrar numa piscina após uma grande refeição pode não fazer mal, mas ao nadar sério, apesar de não ser suscetível de ser fatal ou perigoso - é bem menos confortável do que se ingerir alimentos mais leves.
Então, o que podemos deduzir disto? Desde que não esteja planejando quebrar recordes mundiais de distância de natação, uma criança ou adulto que acabou de comer está perfeitamente segura para entrar na água.
Entretanto, o verdadeiro perigo é para os adultos que bebem e nadam.
Beber e tentar nadar pode ser uma combinação mortal. Em pesquisa levantada pelo CDC (Centers for Disease Control) relata que até metade de todas as mortes de adolescentes e adultos relacionadas com a recreação aquática envolvem álcool. O motivo é que o álcool faz com que as reações motoras diminuam muito e a coordenação fique bem deficiente. Ele também pode causar espasmos nas cordas vocais à medida que a água entra na traqueia, o que pode bloquear as vias respiratórias.
Por: Jonathan Pena Castro
Fontes
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