Thor, Loki, Odin, Asgard... com certeza são termos que você já deve ter ouvido e muito provavelmente, sabe que são nomes da mitologia nórdica. Mas não é apenas em filmes, quadrinhos e histórias que eles são relacionados. Pode não parecer, mas os deuses nórdicos possuem relação com a evolução da vida.
Você já ouviu falar do campo Hidrotermal Castelo de Loki?
É uma região localizada entre a Groenlândia e a Noruega, sobre a Cordilheira Mesoatlântica, a uma profundidade de 2.352 metros. Corresponde a cindo fontes hidrotermais ativas, com fumarolas negras liberando fluidos com temperaturas que chegam próximo aos 300ºC. Em suas chaminés, a cor é predominantemente negra, mas a sua superfície está coberta de colônias de seres procariontes esbranquiçados, que se alimentam dos minerais e materiais emitidos pelas fumarolas. Considera-se que o ambiente, bastante inóspito, seja bastante similar com as condições primitivas da Terra.
Essa comunidade biológica foi batizada de Asgard ou Asgardarcheota, que é um superfilo de um grupo de arquéias. Dentro desse superfilo, estão incluídos os filos Lokiarchaeota, Thorarchaeota, Odinarchaeota, Heimdallarchaeota e Helarchaeota, todos nomes derivados de deuses nórdicos (Thor, Odin, Heimdall e Hela). Acredita-se que a aproximadamente a dois bilhões de anos, uma arqueia tenha englobado e assim, assimilado outro microrganismo - uma bactéria - transformando-se assim, na primeira célula complexa ou, assim dizendo, célula eucarionte. A bactéria, que até então era um organismo independente, transformou-se numa mitocôndria, organela responsável pela respiração celular e fornecimento energético nos seres eucariontes.
Em 2019, pesquisadores japoneses conseguiram criar e sequenciar o genoma de um dos membros desse superfilo, a Prometheoarchaeum syntrophicum. Seus genes indicaram que essas arqueias são os parentes mais próximos de todos os eucariontes, com genes essenciais para realizar funções básicas dos seres eucariotos, embora não os necessitem.
Prometheoarchaeum syntrophicum Fonte |
A hipótese da arqueia ter assimilado uma bactéria e esta se transformado na mitocôndria coincide com a apresentada nos anos 60 por Lynn Margulis, a teoria endossimbiôntica, a qual postula que as mitocôndrias e cloroplastos teriam surgido por simbiose, através de uma bactéria. E essas organelas possuem muitas características que apoiam essa teoria:
- Os cloroplastos e mitocôndrias possuem DNA e ribossomos próprios;
- O DNA de cloroplastos e mitocôndrias são bastante diferentes daquele existente no núcleo da célula;
- As duas organelas possuem o seu próprio sistema de membranas internas e a presença de duas membranas revestindo-as;
- Tanto cloroplastos quanto mitocôndrias possuem capacidade de autoduplicação.
Tipo isso |
Por: Jonathan Pena Castro
0 comentários:
Postar um comentário