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RAPIDINHAS

quarta-feira, 18 de março de 2020

Anemia falciforme protege contra malária

Você sabia que alguns africanos são resistentes à malária?

A malária, doença comum em várias regiões da África e da América do Sul, é provocada pelo protozoário do gênero Plasmodium sp, que parasita hemácias, destruindo-as e podendo levar a casos graves de anemia e até mesmo a morte. Considera-se que a malária seja uma doença associada à pobreza. Somente no ano de 2017, foram registrados 219 milhões de casos da doença, com cerca de 435.000¹ mortes. 

Em um ciclo de vida normal do parasito, este invade as hemácias, sendo que em poucos dias é capaz de formar novos parasitas que estouram a célula parasitada, invadindo novamente outras hemácias e assim formando um grande ciclo de destruição. 

Acontece que a malária está encontrando indivíduos com uma versão mutante de células sanguíneas: a chamada anemia falciforme (ou siclemia) tem gerado boa imunidade à malária. A falciforme provoca alterações na forma e composição das células vermelhas do sangue, o que dificulta o parasita anexar-se e infiltrar-se nessas células ou ocorre a destruição destas antes que os protozoários se desenvolvam.

A anemia falciforme é causada por um alelo que condiciona a formação de moléculas anormais de hemoglobina com pouca capacidade de transporte de oxigênio. As hemácias que as contêm adquirem o formato de foice. Por essa razão são chamadas de hemácias falciformes.


Os indivíduos heterozigóticos apresentam tanto hemácias e hemoglobinas normais como hemácias falciformes. Apesar de ligeiramente anêmicos, sobrevivem, embora com menor viabilidade em relação aos homozigotos normais.

Em condições ambientais normais, a anemia falciforme sofre efeito seletivo negativo, ocorrendo com baixa frequência nas populações. Observou-se, no entanto, que em extensas regiões da África, onde há grande incidência de malária, os casos mais brandos dessa anemia são mais frequentes que em outras regiões.

Essa alta frequência deve-se à vantagem adquirida pelos indivíduos heterozigóticos para anemia falciforme, pois essa condição os torna mais resistentes à malária. O parasita que causa essa doença depende das hemácias para completar o ciclo. Nas hemácias falciformes, o parasita não completa o ciclo. Os indivíduos homozigóticos para a anemia têm mais chances de morrer de anemia. Os heterozigóticos, por outro lado, apresentam, sob essas condições ambientais, vantagem adaptativa, propiciando a alta taxa de um alelo letal na população.

Consequentemente, pessoas que possuem células falciformes são naturalmente protegidas contra a malária². Essa população de humanos com o traço falciforme aumentou nitidamente nas áreas do mundo onde a malária é muito difundida, subindo dos 10% inicial, para mais de 40% das pessoas com essa mutação.
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